segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Enem prejudica chances dos amazonenses nas universidades públicas


O uso das notas do Enem para o ingresso nas universidades públicas do país está fadado ao fracasso. É possível que o governo insista e torne obrigatório, mas ainda assim o uso do Enem trata igualmente os desiguais. Alunos de escolas particulares do Sul e Sudeste do Brasil, com poder aquisitivo e estudando nas melhores escolas, vão concorrer com os amazonenses. É justa essa concorrência? Claro que não! O resultado será a ocupação das vagas por pessoas que virão aqui tirar o curso superior em medicina, direito e outros cursos concorridos e depois voltar para casa. O Amazonas continuará sem profissionais e pesquisadores para alavancar seu desenvolvimento. Infelizmente, as Universidades Federal (Ufam) e a Estadual (UEA) do Amazonas se deixaram levar pelo “canto da sereia” do Ministério da Educação (MEC) em troca de alguma benesse.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Igreja parou de fazer de conta que está tudo bem!


“Não podemos continuar fazendo de conta que as coisas estão bem! As coisas não estão bem! As estatísticas não são necessárias neste momento de perceber que agressões, assaltos, assassinatos, seqüestros, conflitos violentos se espalharam em nossos bairros como uma epidemia fora do controle” (Trecho da Carta do Clero de Manaus, publicada em virtude da morte do padre Ruggero Ruvoletto).
Espanta-me a primeira frase do texto produzido pelo Clero de Manaus. Isso porque pode nos levar a entender que até sentir na “carne” a violência a qual os leigos estão submetidos diariamente, os sacerdotes católicos “faziam de conta” que as coisas estavam bem. É bom repensar o texto!

domingo, 27 de setembro de 2009

Igreja reclama, mas não aponta os culpados


O artigo semanal do arcebispo de Manas, D. Luiz Soares Vieira, publicado na edição de domingo do jornal A Crítica (pg. C5) foi taxativo: “Desse jeito não dá”. O líder local da Igreja Católica endureceu o tom após o assassinato de um dos seus sacerdotes na última semana, sem, no entanto, dar nomes aos responsáveis pela insegurança nossa de cada dia.
O arcebispo enumerou em seu texto diversos episódios de violência contra o clero apenas do início do ano até a presente data. Na lista estão assaltos à mão armada, seqüestros relâmpago, furtos, invasão dos templos e casa paroquiais e, por último, a morte brutal do padre Ruggero Ruvoletto.
D. Luiz fala em perdão ao assassino e na perplexidade dos cidadãos amazonenses que não sabem como obter segurança. Faltou ao religioso dar o passo seguinte em seu texto e dizer quem deveria garantir segurança à população. Essa omissão da igreja no esclarecimento de seus fiéis faz parte desta equação cruel que resulta na eleição de maus governantes e, conseqüentemente, na falta de segurança.
Algo segurou a mão de D. Luiz, digo a pena. Talvez a dependência da igreja das benesses estatais, como reformas de templos, doação de terrenos e outras, ajude a entender a brandura em relação os governantes. Uma crítica direta poderia por à prova a “boa vontade” dos mandatários.
Pergunto aqui o que já perguntei pessoalmente a D. Luiz quando o entrevistei no programa Roda Viva, da TV Cultura: por que a Igreja Católica se deixa vincular a governos como o atual participando de comissões de ética, por exemplo, que não punem ninguém? Na época, obtive uma resposta diplomática mais escorregadia. Espero agora que a história seja diferente.
Se D. Luiz não diz, digo eu: o Estado é responsável por dar segurança as pessoas, pois elas pagam seus impostos com este objetivo. Se estão assaltando, roubando, seqüestrando e matando, não somente os membros do clero, é porque os atuais governantes não estão cumprindo seu papel e devem ser substituídos na próxima eleição sem perdão terreno ou divino. Amém!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Brasil: o lixão da América Latina


Os últimos acontecimentos nos levam a pensar que algumas nações consideram o Brasil uma espécie de “aterro sanitário” internacional, destinado a receber os seus rejeitos. Os guerrilheiros italianos mandaram para cá seus membros mais controversos, os ingleses já mandam lixo hospitalar dentro de contêineres e, mais recentemente, um populista retirado ilegalmente do poder em Honduras resolve se refugiar na embaixada brasileira.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda debatem se mandam de volta ou não para a Itália o militante de esquerda Cesare Battisti, que foi condenado em seu país à prisão perpétua sob acusação de envolvimento em quatro assassinatos. Ele está preso no Brasil desde 2007. O julgamento do pedido de extradição pelo STF começou no dia 9. O relator do caso, ministro Cezar Peluso, se manifestou pela anulação do asilo político a Battisti e foi favorável ao pedido de extradição. Quatro ministros votaram a favor da extradição e três contra. Até guerrilheiro fracassado aporta por aqui. Por mim, que mandem de volta enquanto a justiça de lá está interessada em levá-lo.
Diante da sensação de porteira aberta, os ingleses resolveram passar a sua boiada. Em junho, fiscais da Receita Federal encontraram 750 toneladas de lixo no porto. O material foi transportado por navios da Inglaterra e teria sido enviado no lugar de produtos importados por empresas de Bento Gonçalves (RS). Dentro dos contêineres trazidos ao Brasil pelos ingleses estavam toneladas de plástico, papel e vidro, além de seringas e preservativos. É muita humilhação!
Como se não bastasse, até os populistas expulsos dos seus países vão parar em solo brasileiro. O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, retirado do poder por um golpe de Estado no dia 28 de junho e expulso do país, retornou incógnito ao seu país na segunda-feira e se refugiou sabem onde? Adivinhem? Só poderia ser na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, é claro! Pergunto-me: que outros detritos internacionais serão despejados nas terras brasilis?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Dá para entender um Estado por meio da imprensa?



Hoje é um daqueles dias em que você acorda, lê as manchetes dos jornais e pensa: o mundo, ou melhor, este Estado está de cabeça para baixo! Vejamos as chamadas: “Depois dos Russos, Bento 16”, estampa o Amazonas Em Tempo falando da viagem do governador ao exterior. O Diário do Amazonas diz “MPE dá parecer contrário à liberação de Adail da cadeia”. Por último, A Crítica noticia que “Polícia solta o Coiote e prende o Scooby”, tratando do caso do assassinato de um padre.
Alguém pode perguntar: o que tem de errado nestas manchetes? A resposta é simples: uma análise atenta revela incoerências flagrantes. A primeira fala de um governador indo à Rússia e depois ao Papa falando em preservação ambiental, quando o mesmo é pecuarista (atividades de alto impacto ambiental) e cujo órgão ambiental estadual comandado por ele vive a míngua de recursos humanos e financeiros. Quem não conhece que compre essa demagogia.
A manchete do Diário, referente à prisão do ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro, acusado de corrupção, pedofilia e outros ilícitos, revela uma faceta deste Estado: a Lei vale apenas para os inimigos do “rei”. Adail não tem curso superior e deveria estar recolhido em sela comum, com os demais presos. No entanto, está em uma sala confortável em um batalhão da Polícia Militar. É preciso citar que o juiz que determinou sua prisão fez constar no despacho que ele não tem direito a sela especial. No entanto, a polícia ignora solenemente a ordem do magistrado. Afinal, quem manda nesse Estado?
O último caso, ‘manchetado’ por A Crítica, é no mínimo curioso. Desmoralizada, a polícia prendeu “a toque de caixa” um bode expiatório para apresentar a comunidade católica, indignada pelo assassinato de um de seus sacerdotes. O apelido do acusado é “Coiote”. O “esforço” policial foi em vão, tiveram que soltar o “Coiote” e agora acusam outro canino, desta vez com a alcunha de “Scooby”. Será que a polícia vai nos surpreender ao inverter a lógica dos desenhos animados, onde o “Coiote” é sempre o malvado caçador de papa-léguas e o “Scooby” é o bonzinho amigo do “Salsicha”? Esperemos mais uma sessão desenhos para saber!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Sítio do Pica-pau Amarelo está de luto


Dizem que podemos notar quando estamos envelhecendo quando a vida para de dar e começa a tirar. Perdi um pouco das minhas referências de infância hoje. A atriz Dirce Migliaccio, de 76 anos, morreu na manhã desta terça-feira (22), no Rio. Ela estava com pneumonia e uma infecção urinária. Dirce interpretou a personagem Emília na primeira versão televisiva de “O sítio do pica-pau amarelo” feita pela TV Globo, que foi ao ar em 1977.
Fui amamentado culturalmente com as fábulas de Monteiro Lobato, principalmente por meio do programa infantil “Sítio do Picapau Amarelo”, baseado na sua obra. O programa teve sua quarta edição feita pela Rede Globo em 1977. Era exibido de segunda a sexta, às 17h25.
A quarta versão foi a que me apresentou a obra de Lobato. Nesta versão, os personagens ficaram imortalizados pela interpretação dos atores. O elenco principal era composto por Zilka Salaberry (Dona Benta), Dirce Migliaccio (Emília), Jacyra Sampaio (Tia Nastácia), Rosana Garcia (Narizinho), Júlio César Vieira (Pedrinho), André Valli (Visconde de Sabugosa), Samuel Santos (Tio Barnabé), Dorinha Duval (Cuca), Romeu Evaristo (Saci), Ary Coslov (Jabuti), Germano Filho (Elias Turco), Jaime Barcellos (Coronel Teodorico), Tonico Pereira (Zé Carneiro), Aloísio Ferreira Gomes (Malazarte), entre outros.
Desse elenco estelar, já perdemos Zilka, Dirce, Jacyra, André, Samuel e Jaime. O “meu sítio” está ficando vazio, mas graças à tecnologia poderei apresentá-lo a minha filha e esperar que ela também se divirta com ele. À Emília da minha infância deixo meus aplausos!

sábado, 19 de setembro de 2009

Multidão tenta invadir Prefeitura de Coari


O clima das eleições complementares em Coari está deixando de ser tenso para ser melhor
classificado como “barril de pólvora”. Ontem à noite uma multidão cercou a sede da Prefeitura da cidade e ameaçava entrar a força para retirar de dentro do prédio a gerente do Banco Bradesco, que segundo os correligionários do candidato Arnaldo Mitouso havia entrado portando malas de dinheiro sacadas depois do expediente bancário.
O suposto saque de R$ 5 milhões teria ocorrido após a liberação das contas da Prefeitura de Coari pelo ministro, Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim que a gerente entrou no prédio uma multidão se formou do lado de fora e só não entrou porque os homens da Polícia Militar e do Batalhão de Choque impediram. Para isso, usaram gás de pimenta, bombas de efeito moral e escudos para dispersar a turba que jogava ovos e acusava os apoiadores do candidato da situação, Vicente Lima, apoiado pelo ex-prefeito Adail Pinheiro, de sacar o dinheiro em espécie para tentar comprar votos ao invés de pagar os funcionários públicos e os prestadores de serviços do município.
Estavam no prédio, além da gerente, o atual prefeito Emídio Rodrigues, do mesmo grupo de Adail. Os dois saíram pelos fundos e sobre forte proteção policial. Não houve ainda comprovação do saque e nem da distribuição do dinheiro. No entanto, apesar da liberação das contas nenhum funcionário foi pago. A sede do poder executivo de Coari continua vigiada pela Polícia Militar.