segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Enem prejudica chances dos amazonenses nas universidades públicas


O uso das notas do Enem para o ingresso nas universidades públicas do país está fadado ao fracasso. É possível que o governo insista e torne obrigatório, mas ainda assim o uso do Enem trata igualmente os desiguais. Alunos de escolas particulares do Sul e Sudeste do Brasil, com poder aquisitivo e estudando nas melhores escolas, vão concorrer com os amazonenses. É justa essa concorrência? Claro que não! O resultado será a ocupação das vagas por pessoas que virão aqui tirar o curso superior em medicina, direito e outros cursos concorridos e depois voltar para casa. O Amazonas continuará sem profissionais e pesquisadores para alavancar seu desenvolvimento. Infelizmente, as Universidades Federal (Ufam) e a Estadual (UEA) do Amazonas se deixaram levar pelo “canto da sereia” do Ministério da Educação (MEC) em troca de alguma benesse.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Igreja parou de fazer de conta que está tudo bem!


“Não podemos continuar fazendo de conta que as coisas estão bem! As coisas não estão bem! As estatísticas não são necessárias neste momento de perceber que agressões, assaltos, assassinatos, seqüestros, conflitos violentos se espalharam em nossos bairros como uma epidemia fora do controle” (Trecho da Carta do Clero de Manaus, publicada em virtude da morte do padre Ruggero Ruvoletto).
Espanta-me a primeira frase do texto produzido pelo Clero de Manaus. Isso porque pode nos levar a entender que até sentir na “carne” a violência a qual os leigos estão submetidos diariamente, os sacerdotes católicos “faziam de conta” que as coisas estavam bem. É bom repensar o texto!

domingo, 27 de setembro de 2009

Igreja reclama, mas não aponta os culpados


O artigo semanal do arcebispo de Manas, D. Luiz Soares Vieira, publicado na edição de domingo do jornal A Crítica (pg. C5) foi taxativo: “Desse jeito não dá”. O líder local da Igreja Católica endureceu o tom após o assassinato de um dos seus sacerdotes na última semana, sem, no entanto, dar nomes aos responsáveis pela insegurança nossa de cada dia.
O arcebispo enumerou em seu texto diversos episódios de violência contra o clero apenas do início do ano até a presente data. Na lista estão assaltos à mão armada, seqüestros relâmpago, furtos, invasão dos templos e casa paroquiais e, por último, a morte brutal do padre Ruggero Ruvoletto.
D. Luiz fala em perdão ao assassino e na perplexidade dos cidadãos amazonenses que não sabem como obter segurança. Faltou ao religioso dar o passo seguinte em seu texto e dizer quem deveria garantir segurança à população. Essa omissão da igreja no esclarecimento de seus fiéis faz parte desta equação cruel que resulta na eleição de maus governantes e, conseqüentemente, na falta de segurança.
Algo segurou a mão de D. Luiz, digo a pena. Talvez a dependência da igreja das benesses estatais, como reformas de templos, doação de terrenos e outras, ajude a entender a brandura em relação os governantes. Uma crítica direta poderia por à prova a “boa vontade” dos mandatários.
Pergunto aqui o que já perguntei pessoalmente a D. Luiz quando o entrevistei no programa Roda Viva, da TV Cultura: por que a Igreja Católica se deixa vincular a governos como o atual participando de comissões de ética, por exemplo, que não punem ninguém? Na época, obtive uma resposta diplomática mais escorregadia. Espero agora que a história seja diferente.
Se D. Luiz não diz, digo eu: o Estado é responsável por dar segurança as pessoas, pois elas pagam seus impostos com este objetivo. Se estão assaltando, roubando, seqüestrando e matando, não somente os membros do clero, é porque os atuais governantes não estão cumprindo seu papel e devem ser substituídos na próxima eleição sem perdão terreno ou divino. Amém!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Brasil: o lixão da América Latina


Os últimos acontecimentos nos levam a pensar que algumas nações consideram o Brasil uma espécie de “aterro sanitário” internacional, destinado a receber os seus rejeitos. Os guerrilheiros italianos mandaram para cá seus membros mais controversos, os ingleses já mandam lixo hospitalar dentro de contêineres e, mais recentemente, um populista retirado ilegalmente do poder em Honduras resolve se refugiar na embaixada brasileira.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ainda debatem se mandam de volta ou não para a Itália o militante de esquerda Cesare Battisti, que foi condenado em seu país à prisão perpétua sob acusação de envolvimento em quatro assassinatos. Ele está preso no Brasil desde 2007. O julgamento do pedido de extradição pelo STF começou no dia 9. O relator do caso, ministro Cezar Peluso, se manifestou pela anulação do asilo político a Battisti e foi favorável ao pedido de extradição. Quatro ministros votaram a favor da extradição e três contra. Até guerrilheiro fracassado aporta por aqui. Por mim, que mandem de volta enquanto a justiça de lá está interessada em levá-lo.
Diante da sensação de porteira aberta, os ingleses resolveram passar a sua boiada. Em junho, fiscais da Receita Federal encontraram 750 toneladas de lixo no porto. O material foi transportado por navios da Inglaterra e teria sido enviado no lugar de produtos importados por empresas de Bento Gonçalves (RS). Dentro dos contêineres trazidos ao Brasil pelos ingleses estavam toneladas de plástico, papel e vidro, além de seringas e preservativos. É muita humilhação!
Como se não bastasse, até os populistas expulsos dos seus países vão parar em solo brasileiro. O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, retirado do poder por um golpe de Estado no dia 28 de junho e expulso do país, retornou incógnito ao seu país na segunda-feira e se refugiou sabem onde? Adivinhem? Só poderia ser na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, é claro! Pergunto-me: que outros detritos internacionais serão despejados nas terras brasilis?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Dá para entender um Estado por meio da imprensa?



Hoje é um daqueles dias em que você acorda, lê as manchetes dos jornais e pensa: o mundo, ou melhor, este Estado está de cabeça para baixo! Vejamos as chamadas: “Depois dos Russos, Bento 16”, estampa o Amazonas Em Tempo falando da viagem do governador ao exterior. O Diário do Amazonas diz “MPE dá parecer contrário à liberação de Adail da cadeia”. Por último, A Crítica noticia que “Polícia solta o Coiote e prende o Scooby”, tratando do caso do assassinato de um padre.
Alguém pode perguntar: o que tem de errado nestas manchetes? A resposta é simples: uma análise atenta revela incoerências flagrantes. A primeira fala de um governador indo à Rússia e depois ao Papa falando em preservação ambiental, quando o mesmo é pecuarista (atividades de alto impacto ambiental) e cujo órgão ambiental estadual comandado por ele vive a míngua de recursos humanos e financeiros. Quem não conhece que compre essa demagogia.
A manchete do Diário, referente à prisão do ex-prefeito de Coari, Adail Pinheiro, acusado de corrupção, pedofilia e outros ilícitos, revela uma faceta deste Estado: a Lei vale apenas para os inimigos do “rei”. Adail não tem curso superior e deveria estar recolhido em sela comum, com os demais presos. No entanto, está em uma sala confortável em um batalhão da Polícia Militar. É preciso citar que o juiz que determinou sua prisão fez constar no despacho que ele não tem direito a sela especial. No entanto, a polícia ignora solenemente a ordem do magistrado. Afinal, quem manda nesse Estado?
O último caso, ‘manchetado’ por A Crítica, é no mínimo curioso. Desmoralizada, a polícia prendeu “a toque de caixa” um bode expiatório para apresentar a comunidade católica, indignada pelo assassinato de um de seus sacerdotes. O apelido do acusado é “Coiote”. O “esforço” policial foi em vão, tiveram que soltar o “Coiote” e agora acusam outro canino, desta vez com a alcunha de “Scooby”. Será que a polícia vai nos surpreender ao inverter a lógica dos desenhos animados, onde o “Coiote” é sempre o malvado caçador de papa-léguas e o “Scooby” é o bonzinho amigo do “Salsicha”? Esperemos mais uma sessão desenhos para saber!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Sítio do Pica-pau Amarelo está de luto


Dizem que podemos notar quando estamos envelhecendo quando a vida para de dar e começa a tirar. Perdi um pouco das minhas referências de infância hoje. A atriz Dirce Migliaccio, de 76 anos, morreu na manhã desta terça-feira (22), no Rio. Ela estava com pneumonia e uma infecção urinária. Dirce interpretou a personagem Emília na primeira versão televisiva de “O sítio do pica-pau amarelo” feita pela TV Globo, que foi ao ar em 1977.
Fui amamentado culturalmente com as fábulas de Monteiro Lobato, principalmente por meio do programa infantil “Sítio do Picapau Amarelo”, baseado na sua obra. O programa teve sua quarta edição feita pela Rede Globo em 1977. Era exibido de segunda a sexta, às 17h25.
A quarta versão foi a que me apresentou a obra de Lobato. Nesta versão, os personagens ficaram imortalizados pela interpretação dos atores. O elenco principal era composto por Zilka Salaberry (Dona Benta), Dirce Migliaccio (Emília), Jacyra Sampaio (Tia Nastácia), Rosana Garcia (Narizinho), Júlio César Vieira (Pedrinho), André Valli (Visconde de Sabugosa), Samuel Santos (Tio Barnabé), Dorinha Duval (Cuca), Romeu Evaristo (Saci), Ary Coslov (Jabuti), Germano Filho (Elias Turco), Jaime Barcellos (Coronel Teodorico), Tonico Pereira (Zé Carneiro), Aloísio Ferreira Gomes (Malazarte), entre outros.
Desse elenco estelar, já perdemos Zilka, Dirce, Jacyra, André, Samuel e Jaime. O “meu sítio” está ficando vazio, mas graças à tecnologia poderei apresentá-lo a minha filha e esperar que ela também se divirta com ele. À Emília da minha infância deixo meus aplausos!

sábado, 19 de setembro de 2009

Multidão tenta invadir Prefeitura de Coari


O clima das eleições complementares em Coari está deixando de ser tenso para ser melhor
classificado como “barril de pólvora”. Ontem à noite uma multidão cercou a sede da Prefeitura da cidade e ameaçava entrar a força para retirar de dentro do prédio a gerente do Banco Bradesco, que segundo os correligionários do candidato Arnaldo Mitouso havia entrado portando malas de dinheiro sacadas depois do expediente bancário.
O suposto saque de R$ 5 milhões teria ocorrido após a liberação das contas da Prefeitura de Coari pelo ministro, Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim que a gerente entrou no prédio uma multidão se formou do lado de fora e só não entrou porque os homens da Polícia Militar e do Batalhão de Choque impediram. Para isso, usaram gás de pimenta, bombas de efeito moral e escudos para dispersar a turba que jogava ovos e acusava os apoiadores do candidato da situação, Vicente Lima, apoiado pelo ex-prefeito Adail Pinheiro, de sacar o dinheiro em espécie para tentar comprar votos ao invés de pagar os funcionários públicos e os prestadores de serviços do município.
Estavam no prédio, além da gerente, o atual prefeito Emídio Rodrigues, do mesmo grupo de Adail. Os dois saíram pelos fundos e sobre forte proteção policial. Não houve ainda comprovação do saque e nem da distribuição do dinheiro. No entanto, apesar da liberação das contas nenhum funcionário foi pago. A sede do poder executivo de Coari continua vigiada pela Polícia Militar.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

“Se o problema do Garantido fosse só o David, tava ótimo!”

Telo Pinto (esq) e Fredy Góes (dir).

Embora não se fale em outra coisa entre os torcedores vermelhos a não ser a saída de David Assayag do Garantido, o coordenador-geral da Comissão de Artes do bumbá, Fredy Góes, afirma que a substituição do ex-levantador de toadas é o menor dos problemas da agremiação no momento. “Não se pode tirar o mérito do David como levantador, mas, no momento, temos assuntos mais urgentes de cunho financeiro para resolver. No momento certo e com tranqüilidade trataremos do substituto dele”, diz.
O músico e compositor, Fredy Góes, é responsável pela parte musical de arena do Garantido e já assinou a produção dos CD’s oficiais do bumbá por vários anos. Para ele, a saída de David foi fruto da campanha eleitoral onde ele concorreu como candidato a vice-presidente em uma das chapas derrotadas. “Ele pegou muita ‘corda’ dos parceiros dele de campanha. Disseram pra ele que o chamaram de mercenário. Isso não ocorreu por parte da nossa chapa, se teve algo assim partiu de alguém da ‘raia miúda’ e não do comando da campanha do Telo”, afirma.
Fredy também desmentiu os boatos de que disputava com David o comando da produção do CD oficial do boi vermelho. “Nunca houve isso. Esse ano mesmo conversei muito com o Paulinho Du Sagrado, que produzia junto com o David, e trocamos muitas idéias em um clima de parceria. E também nunca disse que a produção deles era ruim”, revela.
O coordenador-geral da Comissão de Artes adiantou que o grupo só irá se reunir para começar a discutir as estratégias para 2010 em novembro. Nesta data, segundo ele, é que devem ocorrer as discussões sobre o novo levantador de toadas do Garantido. “Já passamos por momentos difíceis na presidência do Antônio Andrade e do Vicente Matos. Também já perdemos nomes até então insubstituíveis, com Jair Mendes. E nem por isso deixamos de continuar sendo campeões. Não subestimem o poder de superação do Garantido”, avisa.
Já em relação aos prováveis substitutos de David o dirigente não mantém a mesma firmeza nas declarações. “Não gostaria de falar sobre isso agora, pois o presidente está viajando e a comissão ainda irá se reunir para discutir o assunto. O que posso adiantar é que não faremos experiências com amadores e que na arte muitas vezes podemos nos surpreender com algumas pessoas quando elas têm a chance de mostrar seu trabalho”, esquiva-se.

"Não quero saber mais de boi!"


Em entrevista exclusiva ao blog, o cantor e compositor, Chico da Silva, disse não quer nem ouvir falar em Garantido e Caprichoso e ameaça ir a justiça para proibi-los de usar a suas toadas. Magoado pelo tratamento dispensado a ele pelas agremiações, Chico afirma que não irá mais compor ou se envolver com os bois de Parintins. “Não me pagaram até hoje os direitos de arena pela execução das minhas toadas no Festival e eu sei que a Bandeirantes deposita isso na conta dos bois com antecedência. Tanto Garantido quanto o Caprichoso me devem dinheiro”, diz o artista.



Com um repertório repleto de sucessos, como a toada “Vermelho” um verdadeiro hino do Garantido, Chico reclama que a pirataria está afetando seriamente os compositores. “O advento da pirataria fez minguar o dinheiro que os compositores recebem com os direitos autorais. Isso tem sido difícil. E fica pior quando os shows diminuem e quando nos chamam querem pagar um valor inaceitável”, afirma.


Como última medida para tentar reaver o dinheiro que não foi lhe foi pago pelos bois, ele adianta que irá proibir na justiça a execução de suas toadas nos currais e no Bumbódromo. “A lei diz que é preciso prévia autorização dos compositores para execução de suas obras. Vou entrar com medidas judiciais para que os bois sejam obrigados a fazer isso se quiserem usar minhas toadas. E só vou liberar quando me pagarem”, avisa.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

David, Zazá e os troca-trocas do Festival


A propósito da ida de David Assayag para o Caprichoso, lembrei-me de uma história fascinante contada a mim por Chico da Silva quando estava preparando o livro “Boi-bumbá: evolução. Ela acabou ficando de fora do livro, mas resolvi contá-la agora para demonstrar que esses troca-trocas são comuns na história do Festival de Parintins.
No final dos anos 50, o grande levantador de toadas da época atendia pelo apelido de Zazá. Nascido e criado no terreiro do Boi Caprichoso, Zazá apaixonou-se certa vez por uma morena que freqüentava o terreiro do contrário. A paixão do levantador pela jovem acabou abrindo o seu coração para uma outra de intensidade igual. O coração antes azul de Zazá enrubesceu ao conhecer toda a alegria, espontaneidade e tradição do boi de Lindolfo Monteverde.
O levantador mudou-se de malas e cuia para o Garantido e lá ficou por algum tempo repetindo e até ampliando a sua fama. Porém, o amor pela sua morena terminou e ele, magoado, acabou cedendo aos convites do antigo boi para voltar a cantar pelas ruas do bairro da Francesa e Palmares.
A volta foi anunciada com entusiasmo pelo grande Luiz Gonzaga, baluarte do boi azul, aos torcedores. Nas ruas, via-se meninos correndo atrás de Zazá e pegando em suas mãos para ter certeza que não se tratava de um sonho. O tempo passou e enfim chegaram as festas juninas, com elas, a hora do “filho pródigo” voltar a entoar as toadas do Caprichoso.
Era tradição a época realizar um ensaio geral no quintal de Luiz Gonzaga na véspera do dia de Santo Antônio. O terreiro era preparado com bandeirinhas e no chão eram cavadas valas para servires de fogareiros para assar peixe, carnes e fazer arroz doce. Tudo era alegria até os brincantes perceberam que passava da hora do ensaio começar e Zazá ainda não havia chegado.
Quando o desaparecimento do levantador já era dado como certo, Luiz Gonzaga anuncia que o ensaio começaria sem Zazá. O motivo era que ele não conseguindo domar a paixão pelo Garantido voltou para a Baixa do São José. Tão indignado quando os demais torcedores azuis, o compositor Raimundinho Dutra tira a seguinte toada:

É triste um homem mentiroso
é doloroso um homem sem moral
Tem duas caras, cada qual a mais feia
cabra bom de peia deve apanhar como animal
Um cabra desses deve morrer de fome
para criar juízo e nunca mais enganar o homem


Do outro lado da cidade, na bucólica Baixa da Xanda, três homens amanhecem o dia no bar de um senhor conhecido como Zé do Chimilo, torcedor ardoroso do Caprichoso. Os homens na mesa eram: Zazá e os mestres do repente Ambrósio e Vavazinho. Entre um copo de pinga e outro, o levantador de toadas pede a Vavazinho que responda a toada feita por Raimundinho Dutra.
Vavazinho negou o pedido dizendo: “Quem mandou tu ir se enchirir por lá. Agora agüenta”. Cabisbaixo, Zazá repete o pedido a Ambrósio, que responde: “O Vavá ta certo, mas eu vou quebrar o teu galho”. Ambrósio pediu ao taberneiro um pedaço de papel usado para enrolar pães e compôs esse clássico:

Eu sei que o contrário fala de mim
porque eu não quis brincar com ele
Minha brincadeira eu não posso desprezar
muitas famílias gostam de me apreciar
E seu eu não brincar
meu amo sente a pisada
Eu sei que ele vai dizer:
Boi contrário roubaste meu romance de toada


Deu pra sentir que em Parintins até mesmo os casos aparentemente mais rumorosos podem se transformar no mais puro folclore. No caso do David, tenho esperanças dele sentir no peito o mesmo que sentiu Zazá e volte.

Da série "Algumas manchetes tardam, mas não falham!"

Que bonito é!

Vale a pena ver sempre!


Em Coari, ainda existem pessoas que não acreditam que o ex-imperador, digo ex-prefeito, da cidade, Adail Pinheiro, foi mesmo parar atrás das grades. Para o deleite de muitos e preocupação de poucos, coloco aqui o link para quem deseja ver a reportagem da Tv Amazonas mostrando o filho mais famosos de Alvarães sendo encarcerado pela Polícia Federal (PF). Poucas vezes vi os policiais federais tão satisfeitos em cumprir um mandado de prisão. Como disse antes, esse caso do Adail combina ignorância e fracasso!

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Enquanto isso em um jornal local:


Apenas para registrar: o linchamento ocorre quando alguém é MORTO, caso contrário é apenas uma tentativa de linchamento. Logo, fica difícil acreditar que o referido criminoso possa ter sido estuprado depois de morto. Caso de fato tenha havido algum abuso cometido após a morte, já não podemos mais jornalísticamente chamar o ocorrido de estupro. Mas quem dá bola para isso, o importante mesmo é vender jornal!

Adail e Capone: a semelhança não é mera conscidência!

A imagem ao lado é uma confissão de ignorância e fracasso. Apesar de demonstrar desconforto na viatura da Polícia Federal (PF), o exprefeito de Coari, Adail Pinheiro, sabia que mais cedo ou mais tarde acabaria pegando uma "carona" em um camburão qualquer. E de fato isso ocorreu. A foto é de sua prisão no dia 14 de setembro em Manaus, por volta das 8h30 da manhã em seu apartamento. De luxo, diga-se de passagem.



Depois de ser acusado de fraudar licitações, desvio de verbas públicas, pedofilia e ser condenado por abuso do poder econômico em sua primeira eleição e não recolhimento das contribuições do INSS dos funcionários públicos de Coari, enfim Adail sente o gostinho de uma cela.


Pode parecer clichê, e deve ser mesmo, mas não consigo deixar de comparar o caso de Adail ao de Al Capone. Este último sem dúvida foi o gângster americano mais famoso da história. Ele dominou o crime organizado na Chicago da lei seca, faturou alto com o mercado negro de bebidas, além de mandar matar muitas pessoas.


Iniciou sua carreira de delitos na sexta série, largando a escola no Brooklyn para juntar aos delinqüentes do bairro. Uma briga de rua resultou numa marca em seu rosto, a qual lhe deu o apelido de Scarface (cara de cicatriz). Aos 28 anos, sua fortuna era estimada em 100 milhões de dólares, fruto do jogo e da prostituição. Foi preso pelo agente federal Eliot Ness, por não pagar impostos.




Guardadas as devidas proporções, Adail tem histórico parecido. Vejamos:


A PF já havia pedido a prisão do prefeito Adail Pinheiro, na Operação Vorax acusando-o de ser “o chefe de uma quadrilha” especializada em fraudar licitações no município de Coari. A estimativa inicial da PF era que o grupo do ex-prefeito tivesse movimentado pelo menos R$ 50 milhões, desde que ele assumiu pela primeira vez a prefeitura oito anos atrás. Além dessa acusação, os policiais federais investigavam o desvio do repasse das contribuições ao INSS dos servidores terceirizados do município.


Com base nas investigações, a PF realizou a Operação Vorax, uma bactéria que se alimenta do petróleo, onde 23 mandados de prisão temporária e 48 de busca e apreensão foram expedidos e cumpridos.


O esquema, segundo os policiais, era ambicioso e envolvia parlamentares, magistrados e uma rede complexa e bem articulada de advogados, jornalistas e outros. Porém, o Tribunal Regional Federal (TRF da 1.ª Região) negou um pedido de prisão para Adail. Para a PF, a decisão foi surpreendente à vista das provas coletadas.


Seus adversários atribuíram o fato a uma “cobertura” dada por magistrados, políticos e advogados. Ele já havia escapado antes de processo que investigava desvio de equipamentos da Secretaria de Educação do Estado (SEDUC), no início dos anos 90.


Dados da Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes Fazendários (Delefaz) da PF apontavam para o envolvimento no esquema de 75 empresas de construção civil. As empresas participavam dos desvios de recursos públicos, oriundos de convênios federais, estaduais e municipais por meio de fraudes sistemáticas em licitações, falsificação de documentos, corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.


Para a PF, a Adail é o cérebro de uma organização criminosa “especializada em dilapidar o patrimônio público”, apropriando-se indevidamente de recursos de origem federal e de royalties recebidos pela prefeitura de Coari na exploração de petróleo e gás natural. Por ano, a Petrobras repassa cerca de R$ 200 milhões em royalties.


Dois irmãos do ex-prefeito, Elizabete Pinheiro Zuidgeest, ex-secretária da Representação de Coari em Manaus, e Eduardo Pinheiro, foram presos acusados de participarem no esquema. O ex-secretário de Governo do município, Adriano Salan, e um assessor direto do prefeito Adail Pinheiro, Haroldo Portela, também foram presos.


Na época, a assessoria de comunicação da PF no Amazonas disse ser “praticamente impossível” somar com exatidão o valor dos desvios. Somente cinco das empresas utilizadas no esquema receberam recursos da ordem de mais de R$ 49 milhões.


Tem mais. o procurador da República, Alexandre Camanho de Assis encaminhou ação ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região acusando o prefeito Adail Pinheiro dos crimes de obtenção de vantagem ilícita e promessa de vantagem indevida a funcionário público. A razão? Segundo o procurador, Adail fazia acordos com servidores do INSS para que o município recebesse devoluções indevidas do Fundo de Participação dos Municípios.


O prefeito é acusado de prometer 20% do valor restituído a quem fraudasse os sistemas de informática da Previdência. A denúncia do procurador Alexandre Camanho foi baseada em dados fornecidos por auditores fiscais da Previdência Social e agentes da Polícia Federal, que descobriram que entre 2002 e 2004 pelo menos R$ 1,5 milhão chegaram irregularmente aos cofres da Prefeitura de Coari.


No campo da violência, pesa também sobre o ex-prefeito acusação de que seu grupo comandava uma milícia Armanda chamada de “Comando Delta”. O objetivo da milícia, chamada também de Guarda Municipal por Adail, seria intimidar opositores por meio de ameaças e atos de violência.
Adail supera Capone em apenas um quesito. O norte-americano não foi acusado de pedofilia.


O ex-prefeito e os ex-secretários municipais Adriano Salan e Maria Lândia dos Santos respondem a um processo por exploração sexual de menores e incentivo à prostituição. A ação encontra-se na segunda Vara da Comarca do município sob responsabilidade da juíza Ana Paula Braga, magistrada cuja conduta está sendo investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suposta participação em um esquema de favorecimento de Adail Pinheiro por meio de medidas judiciais.


A denúncia contra Adail, Salan e Maria Lândia é um desdobramento dos inquéritos policiais produzidos pela PF durante a Operação Vorax. A iniciativa, ocorrida em maio de 2007.
O Ministério Público pede a condenação dos acusados com base no artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que pune com pena de quatro a dez anos de prisão quem submete menores de idade à prostituição ou à exploração sexual.


Tenta enquadrá-los também nos artigos 227, 228 e 229 do Código Penal Brasileiro, que tratam de casos de favorecimento à prostituição. Juntos, todos esses crimes podem render mais de 30 anos de reclusão.


Acontece que apesar de todas acusações, Adail sempre escapou das prisões. O mesmo ocorria com Al Capone. Aí começam as semelhanças. Capone, um mestre na arte de fugir dos policiais que o caçavam por vender ilegalmente bebidas e outros crimes, foi pego por sonegar impostos. Já Adail, ladino em se esgueirar do “longo braço da Lei” acabou pego por não declarar mudança de domicílio. Diz o ditado: “aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la”.

Um filme que deixa você UP!


Podem classificar como saudosismo, infância tardia ou gosto duvidoso. Não importa. Peguei meu ingresso e fui assistir a mais uma animação da Disney: UP. Confesso que ao ver o trailer não me pareceu convidativo. Depois de assisistir ao filme ontem mudei de idéia. Em meio as piadas e aos personagens engraçados, havia uma boa história, até um pouco triste, a ser contada com todo o colorido da Disney. Os detalhes ficam para quem se despir dos preconceitos e reconhecer a ignorância de julgar um filme pelo cartaz ou pelo trailer, como fiz!

Pontapé inicial

Esse blog nasceu de uma discussão com o antropólogo Edgar Agassis no doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). O título foi ditado, embora ele não soubesse disso, pelo próprio Edgar. Na época, pensava em criar um blog e essa frase me pareceu resumir os fatos que pretendia analisar e até minhas próprias confissões.