domingo, 27 de setembro de 2009

Igreja reclama, mas não aponta os culpados


O artigo semanal do arcebispo de Manas, D. Luiz Soares Vieira, publicado na edição de domingo do jornal A Crítica (pg. C5) foi taxativo: “Desse jeito não dá”. O líder local da Igreja Católica endureceu o tom após o assassinato de um dos seus sacerdotes na última semana, sem, no entanto, dar nomes aos responsáveis pela insegurança nossa de cada dia.
O arcebispo enumerou em seu texto diversos episódios de violência contra o clero apenas do início do ano até a presente data. Na lista estão assaltos à mão armada, seqüestros relâmpago, furtos, invasão dos templos e casa paroquiais e, por último, a morte brutal do padre Ruggero Ruvoletto.
D. Luiz fala em perdão ao assassino e na perplexidade dos cidadãos amazonenses que não sabem como obter segurança. Faltou ao religioso dar o passo seguinte em seu texto e dizer quem deveria garantir segurança à população. Essa omissão da igreja no esclarecimento de seus fiéis faz parte desta equação cruel que resulta na eleição de maus governantes e, conseqüentemente, na falta de segurança.
Algo segurou a mão de D. Luiz, digo a pena. Talvez a dependência da igreja das benesses estatais, como reformas de templos, doação de terrenos e outras, ajude a entender a brandura em relação os governantes. Uma crítica direta poderia por à prova a “boa vontade” dos mandatários.
Pergunto aqui o que já perguntei pessoalmente a D. Luiz quando o entrevistei no programa Roda Viva, da TV Cultura: por que a Igreja Católica se deixa vincular a governos como o atual participando de comissões de ética, por exemplo, que não punem ninguém? Na época, obtive uma resposta diplomática mais escorregadia. Espero agora que a história seja diferente.
Se D. Luiz não diz, digo eu: o Estado é responsável por dar segurança as pessoas, pois elas pagam seus impostos com este objetivo. Se estão assaltando, roubando, seqüestrando e matando, não somente os membros do clero, é porque os atuais governantes não estão cumprindo seu papel e devem ser substituídos na próxima eleição sem perdão terreno ou divino. Amém!

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